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Ceará pode perder o fosfato e o urânio de Itataia

Há 17 anos, a Galvani Fertilizante e a Indústrias Nucleares do Brasil tentam obter a licença ambiental para a exploração da mina. E o Brasil segue importando 95% dos fertilizantes de que precisa

Foto: A mina de Itataia está fechada. Nela há urânio e fosfato que não podem ser extraídos por falta de licença ambiental.
Crédito foto: Kid Júnior / SVM

Movimentos sociais sob o pálio de partidos políticos de esquerda têm promovido manifestações e marolas que prejudicam o desenvolvimento econômico do Ceará. Eis aqui um exemplo pronto e acabado desta constatação:

Faz 17 anos que a Galvani Fertilizantes, em parceria com a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), tenta extrair o fosfato e o urânio existentes em uma mina localizada na fazenda Itataia, no município cearense de Santa Quitéria, no Norte do Estado. No espaço de 17 anos, a China já teria colocado em produção – além da extração desses dois minerais – um complexo fabril capaz de atender à demanda de boa parte de sua indústria de fertilizantes. Mas o Brasil é outro departamento. E o Ceará, também. São outros 500.

O investimento previsto para a exploração da mina da Itataia e para a construção da fábrica de fertilizantes ao lado dela consumirá uma montanha de R$ 3 bilhões. Isto significa 10 vezes a economia de Santa Quitéria e 4 vezes a da região do seu entorno. A previsão é de que o projeto entre em operação em junho de 2029. Mas não faltam incertezas a respeito desse cronograma.

Há um mês, houve em Santa Quitéria uma audiência pública que contou com a presença de representes de povos indígenas, os quais, com a ajuda de integrantes de movimentos sociais portando faixas e cartazes, vaiaram os representes da Galvani Fertilizantes e da INB, que constituem o consórcio empreendedor, e, ainda, líderes empresariais, como o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira.

Os diretores do consórcio e o presidente da Faec tiveram a chance de falar, embora constantemente contestados pelo auditório. Os primeiros apresentaram o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima). O segundo mostrou a importância do projeto para o desenvolvimento da economia estadual. O argumento de ambos foi refutado pelos representantes do Ibama, que negaram o pedido de licença ambiental para o empreendimento.

Reforçando a posição do Ibama, a professora Lívia Dias, bióloga do Núcleo de Trabalho, Meio Ambiente e Saúde da Universidade Federal do Ceará (UFC) disse que o projeto da Galvani e da INB consumiria 1,1 milhão de mil litros de água por hora, algo, de acordo com a professora, equivalente a 125 carros-pipa por hora.

Esta coluna tem a informação de que o Ceará poderá perder esse projeto, deixando de tornar-se um polo produtor de fertilizantes. O que ainda sustenta de pé o interesse da Galvani pelo empreendimento é o fato de que a Europa, desejando livrar-se da dependência de energia de outros países, pressiona o governo brasileiro no sentido de que acelere o início da exploração do urânio e do fosfato de Itataia.

O presidente francês Emmanuel Macron mantém-se à frente desses entendimentos, tendo estado com o presidente Lula em Brasília no último dia 28 de março, quando tratou com ele, entre outras coisas, do urânio de Itataia. A França tem várias usinas atômicas, cujo funcionamento depende de urânio enriquecido.

O Brasil importa da Ucrânia, da Rússia e do Canadá 95% do fertilizante consumido pela sua agricultura – a mais moderna e de maior produtividade do mundo – que hoje abastece cerca de 1 bilhão de pessoas em dezenas de países dos cinco continentes. Dono de grandes jazidas de fosfato, as maiores das quais estão localizadas em terras indígenas na Amazônia, o Brasil é impedido de explorá-las pela legislação vigente. Área do acesso complicado – a lei proíbe a entrada até de agentes do governo, como recentemente denunciou o ex-deputado Aldo Rebelo – as jazidas minerais dessas reservas seguem inexploradas.

Outra informação de que dispõe a coluna dá conta de que o empresário Rodolfo Galvani, fundador da Galvani Fertilizantes – uma as maiores produtoras de fertilizantes do país – já se declarou “cansado” de tanto esperar pela licença ambiental do projeto de Itataia. Desistir do empreendimento não é fácil por causa do outro sócio, a INB, e, também, pelo alto investimento já feito até aqui.

Foram movimentos assim que tentaram inviabilizar o projeto de construção do açude Castanhão, que é o maior reservatório de água do Ceará. Em 1990, o povo indígena Anacé, incentivado por partidos de esquerda, mobilizou-se contra a construção do Porto do Pecém, que hoje divide a história da economia do Ceará em duas etapas distintas: o antes e o depois do porto. Há mais exemplos, mas estes dois bastam.

Fonte: Artigo de Egídio Serpa / Diário do Nordeste

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