Segundo a Agência Internacional de Energia, o Brasil tem potencial para ser protagonista mundial no fornecimento e refino de minerais críticos. A demanda por esses recursos naturais deve triplicar até 2040 e a priorização desse mercado é fundamental para a transição energética, além de poder agregar mais R$ 243 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB), nos próximos 25 anos. A conclusão é do estudo ‘Minerais Críticos do futuro e o papel estratégico do Brasil na transição para uma economia de baixo carbono’, elaborado pela Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissional mais diversificado do mundo, realizado em parceria com a AYA Earth Partners, o primeiro e maior ecossistema dedicado a acelerar a economia regenerativa e de baixo carbono do Brasil.
O Brasil tem 10% das reservas globais de minerais críticos do mundo, e é um dos líderes mundiais na concentração de nióbio, grafite, níquel, terras raras, manganês, lítio e cobalto, por exemplo. Esses minerais críticos são essenciais para a transição energética e atendem ao propósito de baixa emissão de carbono (são usados em turbinas eólicas, painéis solares e motores de veículos elétricos) e à inovação tecnológica (por servirem às telas de TVs, celulares e resfriamento de data centers), entre outras cadeias de negócios.
Atualmente, o Brasil contribui com apenas 0,09% da produção mundial de minerais críticos. “Isso aponta para a necessidade de agilidade em políticas públicas de longo prazo, que incentivem a exploração eficiente desses recursos e estimulem a indústria nacional a se tornar mais competitiva, com o menor impacto ambiental e social”, diz Maria Emília Peres, sócia para Estratégia em Sustentabilidade e Inovação da Deloitte.
O estudo traz dados, análises e propostas que vão ao encontro da necessidade de transição energética, visando o cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris (tratado internacional a favor do clima, de 2015). “Por meio do método Insumo-Produto [MIP], nós estimamos o impacto econômico que o investimento em produção e, posteriormente no refino de minerais críticos, causaria até 2050.
O País, que já se destaca pela matriz energética limpa, com mais de 90% da eletricidade gerada a partir de fontes renováveis, como hidrelétricas, eólica e solar, pode ir além do protagonismo na transição energética e se tornar um benchmark global na exploração desses elementos”, afirma Maria Emília Peres.
O interesse por minerais críticos tem crescido na busca pelo atingimento de neutralidade total de emissões de carbono até 2050, mas principalmente por conta da transformação tecnológica. China (que controla mais de 60% do mercado de refinamento), Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e nações da União Europeia estão entre os principais compradores dos insumos.
Algumas medidas para priorizar esse mercado já estão em curso no Brasil, com a Política Nacional de Minerais Críticos (Mineração para Energia Limpa), que passa essencialmente pela ampliação do conhecimento geológico, do desenvolvimento de infraestrutura para pesquisa e capacitação profissional, dos incentivos e meios financeiros para a viabilidade da produção mineral.
Neste ponto, o fundo de investimentos resultante da parceria entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério de Minas e Energias, e a inclusão da transformação de minerais estratégicos para a transição energética entre as áreas de infraestrutura elegíveis para emissão de debêntures, com benefício fiscal, são destaques.
O estudo da Deloitte aponta sete medidas capazes de transformar oportunidades e desafios em soluções, como o mapeamento do potencial mineral, já que atualmente as reservas desses recursos naturais abrangem 35% do território nacional.
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